No quadrante da sala
A felicidade em porcelana azul-monotonia
Pousa em teus lábios compassivamente.
É hora do café Nataniel, não chora
Pois a segunda-feira foi urdida
Como protesto ao tédio domingueiro
Com pai e mão galinha e guaraná.
É hora de voltar ao absoluto
Reencontrar a arquitetura hipótese
Montada entre os varaus do sentimento
Beber água tangida na goteira
E seguir o riacho da sarjeta
À caminho da fácil vida urbana
Dissoluta, perdida, estraviada
Do destino exato que te traçaram ontem.
Bebe café Nataniel carinho, bebe de manso
E aquece o teu corpo consumido
De tosse e sacrifício,
Pois a vida lá fora anda gritando
O nome do inexato sem vivência
Que se perdeu pelo cotidiano
A esquecer-se das obrigações
Madrugáveis, amantes e viventes
E enrodilhou-se ao cobertor listrado
A mastigar o pão venturoso.
E tão família fez-se que olvidou-se
Que era Nataniel o sem ninguém
E com destino apropriado ao largo
Vadio, solitário, insatisfeito.
Toma café Nataniel e parte
Pois não te posso ver neste quadrante
Despertencido ao tempo de família
A mim que não te quero e despercebo
Tua existência entre xarope verde
E os noturnos vagantes dispersados
No teus passos incertos e gemidos.
Toma café Nataniel, e parte!
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho