sexta-feira, 27 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
SUPOSIÇÃO
Chove, escorre pela telha
Uma água vermelha.
No canto escuro
Perto do muro
Ficou um resto de água parada,
Na sala imóvel
Respira um móvel
Na pulsação de uma almofada
A chaminé que rompe o teto,
Expulsa o feto,
Da fumaça,
Dizem que fora, a vida passa.
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
Uma água vermelha.
No canto escuro
Perto do muro
Ficou um resto de água parada,
Na sala imóvel
Respira um móvel
Na pulsação de uma almofada
A chaminé que rompe o teto,
Expulsa o feto,
Da fumaça,
Dizem que fora, a vida passa.
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
BALADA DA MOÇA MORTA
Eu sou a pedra que brotando o pranto
Chorou pelos teus olhos ressequidos.
Sou flor de fragilíssimos tecidos
Deixando-se esmagar por teu espanto.
Eu sou a hora sem ritmo preciso
Liberta dos relógios opressores,
Terapêutica de todos os doutores
Desenganada aos males que agonizo.
Eu sou a fantasia hereditária
A um clã metafísico agregada,
Ao museu da ilusão fui condenada
Em deslumbrante eça mortuária.
Eu sou Alice no país do conto
Abraçando seu gato sonolento,
A embalar em ti, o teu tormento.
E buscando buscar teu desencontro
E na repetição tumultuosa
Da insipidez da vida repetida,
Eu sou uma quimera oferecida
A solfejar o prólogo da rosa.
E deste amor demais que a ti conforta
Eu povoei teu mundo em curto instante,
E descobriste vida palpitante
Em minha invalidez de moça morta.
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
Chorou pelos teus olhos ressequidos.
Sou flor de fragilíssimos tecidos
Deixando-se esmagar por teu espanto.
Eu sou a hora sem ritmo preciso
Liberta dos relógios opressores,
Terapêutica de todos os doutores
Desenganada aos males que agonizo.
Eu sou a fantasia hereditária
A um clã metafísico agregada,
Ao museu da ilusão fui condenada
Em deslumbrante eça mortuária.
Eu sou Alice no país do conto
Abraçando seu gato sonolento,
A embalar em ti, o teu tormento.
E buscando buscar teu desencontro
E na repetição tumultuosa
Da insipidez da vida repetida,
Eu sou uma quimera oferecida
A solfejar o prólogo da rosa.
E deste amor demais que a ti conforta
Eu povoei teu mundo em curto instante,
E descobriste vida palpitante
Em minha invalidez de moça morta.
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
MEU MEDO EM PAUTA
Eu tenho medo de amar
Porque em meu desatino,
Eu angustio a gritar
Um grito quase uterino!
Eu tenho medo de ser
Prostitúida de afeto,
Em meu ventre enternecer
A geratriz de teu feto.
Teu feto que nasceria
De forma tão diferente,
Gerado na poesia
De quem amou realmente.
Teu feto que não gritando
Neste meu mau andarilho,
Iria nascer cantando
A alegoria de um filho.
Um filho sim na verdade
Deste amor honesto e franco,
Um filho da amenidade
Todo vestido de branco.
Eu tenho medo de amar
De parir felicidade,
Eu devo silenciar
Meu clamor à eternidade.
Mas saiba que confessando,
Meu sonho concretizei,
Vivi a vida te amando
E ao filho que não gerei!
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
Porque em meu desatino,
Eu angustio a gritar
Um grito quase uterino!
Eu tenho medo de ser
Prostitúida de afeto,
Em meu ventre enternecer
A geratriz de teu feto.
Teu feto que nasceria
De forma tão diferente,
Gerado na poesia
De quem amou realmente.
Teu feto que não gritando
Neste meu mau andarilho,
Iria nascer cantando
A alegoria de um filho.
Um filho sim na verdade
Deste amor honesto e franco,
Um filho da amenidade
Todo vestido de branco.
Eu tenho medo de amar
De parir felicidade,
Eu devo silenciar
Meu clamor à eternidade.
Mas saiba que confessando,
Meu sonho concretizei,
Vivi a vida te amando
E ao filho que não gerei!
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
TENEBROSA (poema escolhido por Jorge Ben Jor)
E neste plano horizontal ficamos
como lesmas colantes e cansadas
no enleio das formas arrastadas
espojadas na baba que largamos.
Nesta desolação quase assassina
despudoradamente declarante
na grotesca figura da bacante
que a um fauno excita e alucina.
Restará um suplício encarcerado
uma insatisfação sempre disposta
uma pergunta muda de resposta
e novo sacrifício programado.
E como lesmas lentas e passivas
repetiremos gestos do não-ser
neste ardente desejo de morrer
a fingir o vibrar das coisas vivas.
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
como lesmas colantes e cansadas
no enleio das formas arrastadas
espojadas na baba que largamos.
Nesta desolação quase assassina
despudoradamente declarante
na grotesca figura da bacante
que a um fauno excita e alucina.
Restará um suplício encarcerado
uma insatisfação sempre disposta
uma pergunta muda de resposta
e novo sacrifício programado.
E como lesmas lentas e passivas
repetiremos gestos do não-ser
neste ardente desejo de morrer
a fingir o vibrar das coisas vivas.
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
CISÃO
Os cães estão uivando, é madrugada
Colocaram na noite uma mordaça.
Uma única sombra vai cansada
Bailando como um risco de fumaça.
A tristeza invulgar eu cego à vista
Neste pesar discreto e me aprofundo
Ao constatar que só um ser artista
Desvenda a morte que ameaça o mundo!
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
Colocaram na noite uma mordaça.
Uma única sombra vai cansada
Bailando como um risco de fumaça.
A tristeza invulgar eu cego à vista
Neste pesar discreto e me aprofundo
Ao constatar que só um ser artista
Desvenda a morte que ameaça o mundo!
Anna Maria Dutra de Menezes de Carvalho
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